domingo, 1 de maio de 2011

Considerações sobre o trabalho

Foto retirada do blog carvalhorobles
Diante da comemoração do dia “Dia do Trabalhador”, optei por escrever algo na perspectiva de desvelar alguns aspectos do enigmático mundo do trabalho e suas transformações, considerando que, para tanto, é preciso entender como se processou o desenvolvimento do trabalho, desde sua origem até os nossos dias.
Naqueles tempos, ao explorar a terra para o plantio, transformando-a através de queimadas – seguramente descoberta por obra do acaso, resultante de algum fenômeno natural -, o homem primitivo se distinguia dos outros animais ao produzir e reproduzir suas condições de vida e, também, pela utilização de ferramentas e progressiva divisão social do trabalho.
Por outro lado, remonta dessa época a discriminação envolvendo aspectos como sexo e idade, de tal maneira que às mulheres cabiam atividades relacionadas à agricultura, as atividades domésticas, cuidados com a aldeia e a condução dos rituais, auxiliadas pelas crianças, que se encarregavam de determinadas tarefas relativas à moradia.
Albornoz (2006) e Manfredi (2002), afirmam que aos homens estavam destinadas tarefas mais “nobres”; colher frutos das arvores, pescar nos rios e caçar os animais da floresta. Para além desses meios, o homem primitivo buscou desenvolver um novo modelo de subsistência para ele e sua prole, dando a sua atividade uma nova dimensão de valor, originando a propriedade e o produto excedente, que potencializaram as relações de desigualdades que se estenderam por extensos territórios, estabelecendo conflitos éticos e de poder.
A humanidade saiu do trabalho agrário de subsistência, da antiguidade, para o acumulo de bens, produzidos pela exploração dos povos dominados. Com o surgimento da atividade artesanal e do comércio, resultante da queda do colonialismo e ascensão dos burgos, e a burguesia, o mundo do trabalho passou a viver uma nova realidade; o capitalismo, que passou a auferir - até os nossos dias - à custa do sacrifício dos trabalhadores, os lucros dessa iniciativa (ALBORNOZ, 2006).
Na esteira dessas transformações, em razão da transposição da organização do trabalho artesanal para o industrial, emerge um novo personagem: o operário assalariado. Com os parques industriais, o trabalho assalariado assumiu perfil coletivo e cooperativo, de sorte que passou a agregar fundamentos do direito social que, na atualidade, são expressos em vale-transporte, cesta básica, auxílio moradia, assistência médica e dentária, seguro desemprego, entre outros, significando um grande avanço.
Por outro lado, o capitalismo ao transformar o processo produtivo, simplificando as atividades e transformando o homem em acessório do maquinário, permutando o trabalho vivo pelo trabalho morto, deu lugar a produção de excedentes, com conseqüente aumento do lucro e da mais-valia (ANTUNES, 2006).
A mais-valia - conceito de Karl Max - permitiu a dominação do trabalho pelo capital, submetendo os trabalhadores a variadas formas de controle social, potencializada pelo paradigma taylorista/fordista que aplicou às tarefas, modos e tempos de produção, mais a implantação da linha de montagem, submetendo os trabalhadores ao rigor da velocidade da linha de produção.
Esse novo ambiente de trabalho; alienante, desqualificador e degradante da condição humana motivou levantes entre os trabalhadores que tem lutado de variadas maneiras, procurando resistir a forte pressão do capital que busca, de forma sistemática, substituir a mão-de-obra qualificada pela especializada e manejável. Em meio a isso, o capitalismo liberal, modelo excludente e predador em sua hegemonia, foi potencializado pela globalização, permitindo total controle da economia pela iniciativa privada, ficando o Estado com o papel de simples expectador, num cenário em que os atores sociais são controlados ou manipulados pelos processos que envolvem dinheiro e poder (HABERMAS, 1981).
O trabalho, atividade essencial a sobrevivência e a organização da sociedade humana, têm provocado inúmeras reflexões ao longo dos tempos, colocando-se como um dos principais temas de discussão no campo sócio-econômico, de modo especial, através da análise de suas mudanças e seus impactos na vida dos trabalhadores e suas implicações sobre o mundo do trabalho.
Comemoremos este dia a nós dedicado, cidadãos economicamente ativos, que contribuimos cotidianamente para o engrandecimento do nosso País - e de nós mesmos.
Muito obrigado e até breve.
Bibliografia
  
ALBORNOZ, Suzana. O que é trabalho. São Paulo: Brasiliense, 2006.
ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? ensaio sobre as metamorfoses e centralidade do mundo do trabalho. 11ª ed. São Paulo: Cortez, 2006.
HABERMAS, J. Mudança estrutural da esfera pública: investigações quanto a uma categoria da sociedade burguesa. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.
MANFREDI, S. M. A educação Profissional no Brasil. São Paulo: Cortez, 2002.

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